sábado, 22 de maio de 2010

3x4

 
Olho-te...
Num esfôrço descomunal
Para que saía daí
Dessa tua imageria insolvente
Demarcada,nessa geometria
De contornos estáticos
Que viesse para mim
À minha frente,dançando
Dentro de um arco-íris de afetos
Numa entrega infinita
De envolventes desejos
Olho-te...
A fugir da moldura,passo a passo
Como num truque,
Pela primeira vez de uma nossa loucura
Desenhando-o, ter vindo para mim
Em verdades turquesas
Olho-te...
Sem os excessos
Da minha lucidez
No lousa lembrança,
Que parece-me,intacta
Que o passado derrama
Na ameaça desse hiato,
Escapas da tua marmorizada pose
E, tua bôca adensa o silêncio, a beijar-me 
Teus olhos pedintes, gritam-me
Em vozearia do teu coração, que chama-me
Aos teus adventícios subterrâneos
Às tuas instâncias secretas
Onde nunca consegui chegar
Na tua terra onde nunca pisei
Olho-te...
Contemplo,mais uma vez
Em multidões de vêzes, o teu retrato
É o teu rosto, para mim,assim exposto
Encardido de amarelo pelo vigor do tempo
Pela fuligem da saudade
Por não conseguir
Esquecer-te,
Olho-te.....

Vilma Belfort

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